terça-feira, 3 de maio de 2011

Panorâmica

Panorâmica

COQUEIROS

Coqueiros
Igreja entre coqueiros

Pacotí

POUSA CAPUCHINHO LADEIRA DA SERRA

Pousada Capuchinhos Ladeira da Serra - Guaramiranga - Ceará - Brasil

GUARAMIRANGA

Guaramiranga:  palavra originária do tupi, que significa "Pássaro vermelho", está situada à 110 km de Fortaleza, com acesso pela CE 060 (Fortaleza-Baturité-Guaramiranga) e CE 065 (Fortaleza-Palmácia-Guaramiranga). O município serrano encontra-se à 865m de altitude, totalmente inserido na Área de Proteção Ambiental do Maciço de Baturité, com temperatura que varia entre 18 e 25ºC. A paisagem proporciona um clima úmido e vegetação típica de mata atlântica intensificada pelas cores das flores nativas da região, surpreende seus visitantes com uma visão diferente do Ceará.
Com uma população acolhedora (4.070 habitantes) a cidade tem se destacado no cenário nacional principalmente pela realização de diversos
eventos de cunho cultural e turístico. É o local ideal para um convívio mais próximo à natureza.


Turismo: Através dos anos a cidade vem se adequado às exigências de quem visita Guaramiranga, a estrutura turística é uma das mais disputadas na hora de fugir do Agitado Carnaval do Litoral Cearence, pois para esta época Guaramiranga recebe seus visitantes com o Famoso Festival de Jazz e Blues – evento que conta com a participação de grandes nomes da música nacional e internacional. As noites frias da pequena cidade fervem com música da melhor qualidade e uma legião de apreciadores que lotam as ruas e hospedagens. A gastronomia é um ponto muito interessante de apreciar, na praça do Teatro Rachel Queiroz, você encontra até um restaurante alemão "Hofbrauhaus - O Alemão" como assim também uma feira com produtos artesanais, doces, geléias e qualidade. À noite, a praça se transforma em uma grande reunião de amigos onde os vinhos, charutos e pratos, cuidadosamente elaborados, completam o ambiente refinado de Guaramiranga.
Cultura: Dentre as expressões culturais do Município, destacam-se as edificações religiosas, chácaras, capelas e sobrados; o artesanato; grupos de teatro, música e coral; a gastronomia; eventos como o Arte e Flor, o festival Nordestino de Teatro e o Festival de Jazz & Blues.
A população de Guaramiranga aprecia muito as manifestações culturais, mostrando-se ativa e participante nos eventos realizados. Guaramiranga vem se destacando como pólo cultural no Estado
As flores que fazem o cenário de Guaramiranga também podem ser consideradas atrativos naturais. O município é hoje o maior exportador de flores do Brasil. Além disso, ainda existem o Parque Ecológico de Guaramiranga, uma área de proteção ambiental, as cachoeiras de São Paulo e do Urubu.

Geografia
Clima
Tropical quente semi-árido com pluviometria média de 1.434 mm ] com chuvas concentradas de janeiro à abrir.
Mês
Ano
Temperatura Máxima °C
26
25
24
24
23
23
23
25
26
27
26
26
25
Temperatura Mínima °C
18
18
18
18
18
17
15
16
17
17
18
19
17
Chuvas mm
127
180
243
298
236
193
132
61
43
43
36
66
1658
Hidrografia e recursos hídricos
As principais fontes de água fazem parte da bacia Metropolitana, sendo elas osrio Pacoti e os riachos: Candeias e Sinimbútantos, todos afluentes do rio Aracoiaba
Relevo e solos
Localizado no Maciço de Baturité tem como principal elevação o Pico Alto, com 1115 metros acima do nível do mar.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/c/c6/Guaramiranga_Pico_Alto_6.JPG/200px-Guaramiranga_Pico_Alto_6.JPG


Vegetação

Localizado no Maciço de Baturité, tem uma vegetação variada desde a Caatingaarbustiva densa, floresta subcaducifólia tropical, floresta úmida semi-perenofólia, floresta úmida semi-caducifólia, floresta caducifólia e Mata Ciliar. Aqui existe uma APA.



Etimologia

O topônimo Guaramiranga vem do Tupi guará(vermelho) e miranga oupiranga( garça), significando Pássaro Vermelho. Sua denominação original eraConceiçaoe desde 1890, Guaramiranga ].

FORMAÇÃO POLÍTICA DE GUARAMIRANGA
               Em 16 de novembro de 1889, chega a Fortaleza a notícia da Proclamação da República, Jerônimo Rodrigues de Morais Jardim, então Presidente da Província, é deposto e assume o Governo o Tenente-Coronel Luiz Antônio Ferraz, então Comandante da 11 a Brigada de infantaria, sediada no Ceará. No ano seguinte foram baixados vários Decretos que davam caráter inovador a ordem revolucionária. Nesta época foi deposto o Inspetor Provincial Do Povoado de Conceição, Dr. Timóteo Epifânio Ferreira Lima, que havia sido nomeado em
16/09/1871.
               Em 01/09/1890, através do Decreto no.55, o povoado de Conceição é elevado à categoria de Vila, seus limites incluem a área abrangente do seu distrito de polícia e o distrito de Pernambuquinho, logo em seguida no dia 04 de setembro do mesmo ano, através do Decreto no. 59, o nome do povoado passa a denominar-se Vila de Guaramiranga. O nome GUARAMIRANGA provém do sítio de propriedade do Cel. Batista de Queiroz Lima, sendo adotado este nome talvez por influência de Clarindo de Queiroz, então General de Divisão da Infantaria, amigo de Ferraz e Primo de Batista, além desta, a outra influencia teria sido a renovação da República, que procurou desvincular nomes religiosos da administração do Estado.
    Embora Guaramiranga tenha guardado a categoria de Vila e a mesma tenha sido inaugurada no dia 12/10/1890, que na época equivalia a um certo grau de autonomia, podendo inclusive eleger a Câmara e possuir um Intendente (cargo equivalente ao de prefeito hoje, era nomeado pelo Governador e sem remuneração), este cargo nunca foi ocupado, permanecendo vago por muito tempo, só sendo feito por volta do ano de 1898, quando é nomeado José Adriano Lopes, então Chefe da Coletoria local, que passou a acumular também o de Intendente. Quanto à Câmara, embora tenha sido eleita nos padrões da época, nunca ocupou posição de destaque na Vila, inclusive se dava pouca atenção à mesma, e nos anos de renovação, era feita sumariamente, sempre elegendo os que já pertenciam a ela, muitos até renunciavam, como foi o caso do Vereador Porfírio Nogueira de Holanda, em 1892.
              Dos 78 municípios criados em 1890, apenas 40 tinham mais de dez mil habitantes, como exigia a lei na época, embora esse critério nunca fosse levado em consideração, oGovernador Pinto Acioli resolveu extinguir alguns deles, baixado assim o Decreto no. 550 de 25/08/1899, que anexou o município de Guaramiranga, juntamente com os de Mulungu, Pacoti e Coité (hoje Aratuba) ao de Baturité. Guaramiranga perde a condição de Vila e passa a ser simples povoado e também a denominar-se Conceição, seu antigo nome.
               Conceição não nascera para a política: seu clima, sua paisagem verde, era recanto para os que procuravam a paz e a harmonia. Alguns exaltados chegavam ao exagero como Milton Dias: “O céu de Nosso Senhor é no modelo da Serra – paz, tudo verde, clima brando, água solta nas pedras, canto de pássaros, flores para todas as partes e de todas as variedades de cores, principalmente a papoula e a rosa”.
                Vida alegre despreocupada e gostosa. Rodas de conversa animada na farmácia do Francisco Caracas, onde ouvia com respeito à palavra do Padre Frota; no armarinho do italiano César Barsi, onde o Marinho e o velho Trifom discutiam sobre cavalos de sela; na venda do Zeca Alves ou na loja do Quincas seu irmão; faziam agradáveis reuniões no sítio do Cel Chichiu, com os irmãos Queiroz – Daniel, Euzébio e Pedro. Arranjavam bailes no vasto sobradão do Dada e organizavam quermesse, em que o Antônio de Figueiredo proclamava o
leiloeiro.
                    Nesta época os rapazes em férias e as moças casadoras promoviam festinhas com músicas de piano, e havia cavalos e charretes de aluguel, que em bandos percorriam sítios.
                    Por volta de 1908, animado pelo Quincas Marcos, Gustavo Barroso redigia o 1jornal de Conceição, que era chamado de “O Beija Flor”.
Em 07 de janeiro de 1909, foi realizada uma grande festa em comemoração achegado do Padre Manoel da Silva Porto, nomeado Vigário da Paróquia de Conceição. Luzido esquadrão de cavaleiros recebeu o sacerdote na ladeira da Boa Água. A banda de música de Mulungu, com uniformes novos tocou marchas alegres pelas ruas enfeitadas de bandeirolas de papel, à noite, grande banquete no salão nobre no sobradão do Dada.
                   Em 16/02/1910, houve a festa de inauguração do posto de telégrafos do povoado.
Houve críticas na época aos políticos locais que atribuíram o mérito da obra ao Governador Acioli, dizendo que a obra só fora possível graças aos recursos liberados pelo Ministério de Obras e Viações.Na verdade a obra se deveu à Câmara de Baturité, quando seu Presidente, Francisco Alves Linhares, liberou verba destinada ao povoado, tornando possível a obraElesbão Veloso, chefe do Distrito local, também teve participação decisiva. O Correio e o Telegrafo eram separados. Os estafetas levavam a correspondência de Pacoti a Guaramiranga em sacos lacrados e entregavam no trem de Baturité para serem levados para Fortaleza. Teve um telegrafista do Sul-América, Euclides de Lima, e depois durante muitos anos, Patrício Ribeiro e Quincas Nogueira.
                  Mesmo não sendo município, Conceição tinha fabuloso prestígio eleitoral. Francisco Alves Linhares foi muitos anos cadeira cativa na Câmara de Baturité, além de Deputado por várias legislaturas, e , 1920, José Pacífico Caracas foi eleito Prefeito de Baturité. Todo este prestígio eleitoral fez com que Justiniano de Serpa, então Governador do Estado, restaurasse novamenteMunicípio situado na Mesorregião 02 (Norte Cearense, por força do Decreto No. 55 de 1 o  de setembro de 1890, o povoado de Conceição, afamado pelo seu clima ameno e riqueza em café, foi elevado a categoria de Vila. O município foi criado pelo Decreto no. 059, de 04 de setembro de 1891 e inaugurado em 17 de outubro daquele mesmo ano; Extinto pela lei No 550 de 25 de agosto de 1899 e anexado ao de Baturité; Foi restaurado pela lei No. 1887 de 15 de outubro de 1921 e novamente extinto pelo Decreto No. 193 de 20 de maio de 1931; por fim foi restaurado definitivamente pela Lei No. 3679 de 11 de junho de 1957. O topônimo Guaramiranga é indígena, e, segundo Pompeu Sobrinho vem de GARA(passaro)e Piranga(vremelho).
             AMBIENTAIS
Guaramiranga integra a microrregião geográfica do maciço de Baturité. Faz parte da Região Administrativa No. 08. Ocupa uma área de 107,6 Km2 (0,07% da área do Estado). O município é constituído de 02 distritos, a Sede e Pernambuquinho.
           Posicionando-se entre as cidades de maiores altitudes do Estado do Ceará 865,24m e detentora da maior oferta de leitos da Região (965) Guaramiranga é uma referencia na Serra
de Baturité.
            Destaca-se por sua localização com o segundo ponto mais elevado do Estado, o Pico Alto com 1.115m. de altitude. Toda a área do município se encontra na Área de Proteção Ambiental de Baturité, estando legalmente protegida.
            O clima apresenta uma temperatura média que varia entre a máxima de 22 e a mínima de 17  o  C sendo os meses de novembro a fevereiro mais quente e junho a agosto os meses mais frios, e uma pluviometria média de 1.737mm. Sua cobertura vegetal é composta basicamente de Mata seca e Mata Úmida 74,95%. Os solos maciços residuais dissecados em cristais e colinas, são mais adequados à floricultura e cultura de hortaliças. O município apresenta relevo ondulado em função de sua localização em área de serra.



POVOAMENTO DA SERRA DE GUARAMIRANGA
As informações que chegavam aos portugueses sobre a Serra eram excelentes: Abundância de frutas silvestres, água corrente perene, solo fértil e principalmente um clima ameno, parecido com o europeu. Os índios do litoral tinham por aquela serra grande respeito e admiração. Chegavam a contar lendas sobre sua conquista e povoamento, que segundo eles teriam sido feitos por um bravo guerreiro vindo das bandas do Jaguaribe (1). Os primeiros portugueses que chegaram ao sopé da serra eram provenientes das regiões de Beberibe e Aquiraz, que subiram pelo vales dos rios, principalmente o Choró. Os Jesuítas já haviam alcançado a serra por volta de 1655, quando formaram uma missão para catequizar os índios, principalmente as tribos dos Tapuias ou Paiacus. Essa missão se instalou no lugar chamado Comum, hoje Tijuca, onde o ouvidor achou inconveniente erigir uma Vila devido a sinuosidade de terreno e a estreiteza do platô, sendo transferida para o lugar onde hoje se localiza a cidade de Baturité.
Esses índios provavelmente provenientes do Jaguaribe e que ali estavam instalados, viviam de um modo muito primitivo, sem conhecimento dos metais, fabricavam suas armas e utensílios domésticos com pedras pacientemente modeladas. Seu grupo biológico se caracterizava pela robustez e grande estatura de seus homens, com ossos grossos e fortes, cabeça grande e espaça, cor atrigueirada, cabelos pretos pendentes sobre o pescoço, cortado igualmente acima das orelhas.
Além dos Paiacus viviam dispersados sobre a serra os seguintes grupos indígenas: Canindés,Jaguaribaras e Apuiarés. As aquisições de terra nas baixas imediações da serra foram feitas por sesmarias doadas aos pioneiros que subiam nos vales dos rios, em um verdadeiro movimento de bandeirismo, porém nenhuma destas entradas aventurava-se as abas da Serra, ficando tão somente restrita aos pés da serra. As partes mais elevadas devido às dificuldades que ofereciam à conquista formavam verdadeiros esconderijos de índios fugitivos, cobertos de matas espessas formando uma frondosa selva de Pau D’árco, Jacarandá, Maçaranduba, Algelis, Pirauas, e inúmeras quantidades de arbustos e trepadeiras. Devido a sua ferocidade e a resistência dos colonizadores, os Paiacus foram os mais perseguidos. Em 1713, descontentes com a perda de suas terras, aliaram-se aos Jaguaribaras e saquearam Aquiraz, a partir de então foram violentamente perseguidos. A ordem Real era matar todos os índios homens que pegassem em armas, e grande parte da população indígena foi morta sem dó.
(1) José de Alencar, Iracema, págs. 61-73.
(2) Carlos Studart Filho, Os Aborígines do Ceará, pág. 140.
Na serra propriamente dita, correspondentes as atuais localidades de Mulungu, Guaramiranga e Pacoti, foi muito demorada a chegada do colono branco. Foi em Conceição (atualGuaramiranga) que se deu a primeira ocupação com a instalação do Sítio Macapá pelo Capitão João Rodrigues de Freitas no século XVIII, nos anos finais dos setecentos. As condições arriscadas de penetração, caminhos inadequados, escorregadios e ondulados, existência de índios rebeldes desconfiados da amizade dos brancos fizeram com que se considerasse as terras serranas sem préstimo e sem valor. Este pensamento perdurou por muito tempo só começando a ser modificado com as crises climáticas que castigaram o Ceará nos anos de 1777-1778 e 1790-1793 (conhecidas como seca dos três setes e seca grande, respectivamente). Esta ultima foi tão terrível e rigorosa, que durou quatro anos, destruiu e matou quase todo o gado do sertão.
 Nessa época os sertanejos temerosos das desgraças da fome, da sede e da morte do gado, procuraram aproximar-se das serras, garantindo assim um local para refrigerar os rebanhos e para saciar sua própria sede. Com a perseguição sofrida, os selvagens foram por fim dominados e reunidos no pé da serra, na aldeia de índios de Monte-Mor, o Novo da América (Hoje Baturité). Livre dos índios passou a Serra a ser procurada pela população sertaneja durante os calamitosos anos de seca.
(1) Vinicius de Barros Leal, História de Baturité E.C.
(2) Thomaz Pompeu, O ceará no começo do século XX, pág 255. Assim os fazendeiros do sertão, reunindo dinheiro e recursos que podiam dispor, partiam para a serra com a família e os escravos, levando apenas os animais necessários à sua condução e algumas vacas leiteiras. Dirigiam-se aos lotes de terras devolutas que tiveram de comprar aos primeiros exploradores que vendo a oportunidade de um bom negócio, haviam-no precedidos,abrindo picadas na mata virgem, assinalando a posse que faziam junto às autoridades fiscais.O grande problema destas viagens em direção a Serra era o transporte dos pais, muito idosos, que muito sofriam com a exposição ao sol e aos insetos de todas as espécies. Um exemplo típico destas expedições vindas do sertão é o da família de Ignácio Lopes Barreira, que chegou a serra por volta de 1820, e se estabeleceu da seguinte forma:- Cel. Antônio Francisco de Queiroz Jucá (seu filho), comprou o sítio Macapá.- José de Holanda Filho (casado com sua filha Francisca Barreira comprou o sítio Abreu. E seus filhos compraram o Sítio Arábia (José Raimundo (Zuza); Balthazar (Dada), o Sítio Uruguaiana; Pedro, o Sítio São Pedro; e Clementino o Sítio Monte-Flor. Nos anos de mil e oitocentos as secas continuaram castigando os sertões cearenses e milhares de refugiados dirigiram-se para as serra e para a capital. O governo monárquico manda iniciar a construção da estrada de ferro de Baturité, tentando assim evitar o êxodo da população.
(3) Vinicius de Barros Leal, História de Baturité E.C.
(4) Thomaz Pompeu, O Ceará no começo do século. O ponto decisivo para a conquista da área serrana se deu pela excelente adaptação do café em suas terras úmidas e férteis, sendo introduzido por Antônio Pereira de Queiroz Sobrinho, vindos das plagas do Cariri, descendente de Pernambuco.A partir de então ocorreu uma verdadeira corrida pela aquisição das terras serranas, e para lá se deslocaram muitos dos ricos fazendeiros e seus descendentes, principalmente dos sertões de Quixadá e Canindé. Subiu a Serra em busca de fortuna as famílias Queiroz, Holanda, Pimentel, Caracas, entre tantas outras. Em pouco tempo a área serrana apresentava notável influencia no cenário estadual, produzindo frutas e legumes para a capital, cana de açúcar (transformada em rapadura) para os sertões arredores, além do algodão arbóreo cultivado nos pés da serra e principalmente café, que já em 1846, juntamente com o de Maranguape, era exportado em toneladas do porto de Fortaleza para a Europa.  Estudiosos modernos reconhecem a vital importância da Serra de Guaramiranga no desenvolvimento histórico de Ceará, a ponto de afirmarem: “Uma característica do litoral cearense que impediu que sua faixa costeira permanecesse inteiramente deserta foram as serras que em maciços isolados aliaram-se sucessivamente ao longo da costa (...) destacando por isso estas elevações como oásis de terras férteis e cultiváveis em meio da aridez que o cercam. Tais serras atraíram e fixaram algum povoado que procura sua saída pelo mar próximo(...) Fortaleza que será a capital da capitania graças a sua posição central(...) e sobretudo a fertilidade da Serra de Guaramiranga, que forma a sua hiterlândia.Em função do café, paulatinamente todas as terras serranas haviam sido ocupadas. Era grande o deslocamento populacional para a região em conseqüência da enorme oferta de trabalho. A mão de obra era composta principalmente de mestiços, de índios nativos, de negros recém libertos e de brancos sertanejos refugiados das desgraças das secas, que viviam dependentes dos ricos donos de terras, eram conhecidos como moradores, seu sustento provinha dos trabalhos que prestavam aos donos.
       No alto da serra, Vitoriano Correia Vieira comprou o sítio Conceição do posseiro Francisco Félix. Como era muito religioso mandou construir uma pequena capela , e em 1845 doou uma grande faixa de terra que ia do sítio Macapá ao Sítio Munguaípe, entre os sítios de Guaramiranga e Bom Sucesso. Anos mais tarde, o vigário de Baturité autorizou o administrador do terreno, Cap. José Pacífico da Costa Caracas, a arrendar a razão de 20 réis o palmo “na rua” para a construção de casas, e a 1 o  réis, o palmo para a agricultura. Esse Sistema provocou embaraços Ao Vigário, que vez por outra, publicava edital reclamando os rendimentos atrasados e o não cumprimento das clausulas do contrato. Waldery Uchoa, Anuário do Ceará, 1 o
 Flávio de C. Prata, Principais Culturas do Nordeste.
Caio Prado Júnior, Formação do Brasil Contemporâneo, Vinicius Barros Leal, Com a construção da igreja e do cemitério, o pequeno povoado em franca prosperidade, passou a ser conhecido como povoado de Conceição, e em poucos anos era uma verdadeira vila.
        Em 1859, chegou em Fortaleza uma comissão cientifica de exploração do Império Monárquico, chefiada por Guilherme Capanema (Geólogo), Francisco Freire Alemão (Botânico) e Gonçalves Dias (Etnólogo). Essa comissão iria explorar e descrever a província do Ceará . No dia 06 de dezembro de 1861, a comissão chegou ao povoado de Conceição da Serra onde passou três dias em reconhecimento, e hospedou-se no Sítio Guaramiranga. De volta ao Rio de Janeiro, eles escreveram sobre o comércio da capital restrito às serras de Guaramiranga e Uruburetama, sobre a crescente importância do povoado de Conceição em conseqüência da implantação da cultura do café e da cana de açúcar em suas vizinhanças.Freire alemão não escondeu seu encanto pela localidade e afirmou: “Ar Benigno, solo fértil e banhado por arroios de água perene.  Soberbas matas formam seu manto de verdura, já hoje em grande parte substituída por lavras de café, que é de excelente qualidade”.
    A respeito do clima da serra, repetia o Cel. Batista um conceito que ouvira do sábio Dr. Freire Alemão, membro da Comissão Cientifica que se hospedara em sua casa;Acabando de subir o morro da Gameleira, Freire Alemão passou o lenço no rosto, onde porejavam gotículas de suor, disse extasiado:- Que clima admirável!    Que ar leve e puro!   Aqui não se cansa!
   O Cel. Batista, curioso por todas as noções científicas que passavam ao seu alcance,provocou uma explicação que veio pronta: - Não se vê com que facilidade se transpira aqui?  Quando o ar é úmido e pesado, a transpiração torna-se difícil; o sangue não se desembaraça facilmente do calor e dos resíduos orgânicos resultantes da oxidação ou combustão provocada pelo trabalho muscular, de modo que o organismo se aquece e se intoxica, do que provém o cansaço. Aqui oi suor é fácil, o corpo se refresca e se expurga prontamente, dando a ausência da fadiga, é por isso que os povos dos climas tropicais são preguiçosos, por uma defesa natural do organismo, contra o cansaço molesto. Em 1864, o Presidente da Província, Dr. Lafayette Rodrigues Pereira, em visita à progressista região, hospedou-se no Sítio Guaramiranga. Desejou agraciar o título de Barão de Guaramiranga ao Cel. Batista, que recusou em troca de sua nomeação para Tenente-Coronel da Guarda Nacional. Isto porque a Guarda Nacional, criada em 1831, estabeleceu uma hierarquia em que a patente de Coronel correspondia a um comando municipal ou regional que dependia do prestígio econômico e social de seu titular, que raramente deixava de figurar entre os proprietários rurais. O Coronel ditava o rumo do relacionamento social e político, explorando no trabalho, apadrinhando, protegendo ao mesmo tempo em que oprimia e dominava aqueles que gravitavam em torno de sua propriedade e de sua pessoa.